quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Poema para o Gadernal

Hoje publico um poema que fiz em homenagem à banda punk noise Gadernal (dentro do poema, há referência de várias músicas da banda liderada por Giovanni Nogueira). Foi declamado pela primeira vez em uma intervenção artística no Coreto do Jardim de Cima, em Valença/RJ (vide vídeo).


Sobre o gadernal e a campainha

Lá em casa não tem campainha,
não há quintais imensos,
nem rosas, nem margaridas
pra enfeitar meu jardim;
minha casa não tem sinais de vida.
Preto e branco nas trevas coloridas,
100% filme antigo,
um cenário perdido num longa metragem
sem glórias, sem palmas, sem oscar;
nessa minha casa não há campainha,
chame pelo meu nome se quiser entrar.
Assista-me com seus céticos supercílios,
ria de minha falta de luz desnecessária
e beije com seus olhos minha fotografia desfocada;
no meu filme a trilha sonora é revoltada,
são ruídos delirantes de uma raiva sem causa, sem nada...
Como sala de cinema sem filme em cartaz,
minha casa sem campainha recebe poucas visitas;
vem apenas o moço de drogaria
com suas ervas finas, pó de folia e gadernal,
calmantes pra minha antipatia,
afrodisíacos de meu sorriso banal e social.
A minha casa não tem campainha,
é uma residência fixa e sozinha,
esperando o seu sinal.


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