terça-feira, 22 de novembro de 2011

George Harrison e eu: Seus pe(r)didos pra "I need you"

Dia do Músico se comemora com (sub)versões poético-musicais. Após uma breve estagnação devido à (ainda não compreendida) saída do Mestre Alexandre Fonseca do facebook e da organização do Projeto "Tributo a George Harrison", os poemas georgeharrisonianos voltam, ainda sonhando que a prometida homenagem ao ex-beatle, cujo aniversário de 10 anos de morte se dará no dia 29 de novembro, aconteça, mesmo que tardia, ainda sempre necessária. Respeito a decisão, sejam quais forem suas razões ou ausências de razões, do Mestre Alexandre de se afastar por tempo indeterminado de tal empreitada (Mestres são Mestres e não há o que se discutir ou polemizar nesse ponto), porém penso que, se, em alguns momentos da vida, "Hitler vence Churchill", então faz-se momento de resistir mais firmemente aos maus tempos e gritar "Help" aos surdos ouvidos até que o mundo escute seus próprios absurdos - é preciso seguir em frente; por mais quixotesca que essa atitude sempre me marque, sou teimoso em minhas sandices: fica o prazer imperecível da eternidade de minhas Dulcineias escritas, mesmo que nem sempre compreendidas.
A (sub)versão poética de hoje é com a canção "I Need You", do álbum "Help" (agosto de 1965). Mantive um certo teor do conteúdo original da composição georgeharrisoniana (um eu lírico que sofre com a rejeição da pessoa amada), mas subverti principalmente as estrofes repetidas, transformando-as em múltiplas, apesar de trazerem a mesma mensagem desconfortante do eu lírico rejeitado (busquei respeitar também a pouca variação de palavras e o uso e abuso lírico da simplicidade, comum nessa fase beatle-georgeharrisoniana). 
Essa postagem marca também a minha última (sub)versão em composições georgeharrisonianas nos Beatles. A partir dos próximos versos-capítulos, George e meus eus líricos seguimos em carreira solo (em breve, uma prosa poética anunciará a ruptura com a banda). Dedicada a todos que acompanham minha saga tragipoética-georgeharrisoniana, à escritora Isadora de Paula e ao músico Felipe Martins (que mais incentivaram a continuação da saga) e ao Mestre Alexandre, que é e permanecerá sendo o padrinho desta tour georgeharrisoniana (esteja onde esteja, sei que, mesmo distanciado, ele continua orando por Shiva para que meus poemas georgeharrisonianos continuem florescendo para além dos morangos mofados de nossos tempos). Espero que gostem: 



Os seus pe(r)didos

Não consigo realizar mais
Os seus pedidos.
Lembro-me como é tarde
Pra esquentar o que é frio.

Fiz uma estrofe de versos sem fim
Pra esse inverno em mim
E eu perdido…

Hoje é tão tarde, inútil e absurdo
Quanto ontem
Esta tarde que tanto me envelhece
Observe-me...

Eu não consigo mais realizar
Os muitos pedidos que você me faz
E você some...

Oh, sim, você some
E não traduzo mais a palavra amor.
Já cumpri o que pude,
Já fiz o que quis e não quis,
Mas não encontrei mais o significado do amor.

E fiz mais uma vez no frio
Um verso cálido
Que morre no seu gelo firme
E muito pálido...

E o calor de um impossível sim
Pra não matar você em mim
Está perdido...

E mais uma vez o amor some
E trago vários nomes pra minha dor.
Nada mais me ilude,
Já fiz o que quis e não quis
Pra essa dor que agora me perdurou.

E fica cada vez mais frio
No meu Ártico
Que morre no calor firme
Da tarde volátil...

E, gelado, vou ficando assim
Cada vez mais matando você em mim
Os seus pedidos
Estão perdidos
E eu perdido...

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