terça-feira, 22 de novembro de 2011

Uma nova Rapsódia pra eterna Rainha: Meu tributo ao Queen

Hoje, após uma madrugada insone, justifico a ausência de postagens no dia anterior. Ontem, em pesquisa no Google, descobri que o quarto álbum da banda inglesa Queen "A Night at the Opera" comemorava 36 anos de lançamento (21 de novembro de 1975, na Inglaterra). O clássico álbum, que contém canções como "Love of my life" e "Bohemian Rhapsody", está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame e é considerado a obra-prima do grupo. E é, sem dúvida, um dos melhores discos de rock de todos os tempos, onde a banda de Freddie Mercury (vocal, piano e vocal de apoio), Brian May (violão, guitarra, koto, ukelele, harpa, vocal e vocal de apoio), Roger Taylor (bateria, gongo, tímpano, pandeiro, vocal, efeitos de guitarra e vocal de apoio) e John Deacon (baixo, contrabaixo e piano) ousou o perfeccionismo em faixas extremamente bem produzidas. Como eu atualmente tenho ouvido constantemente o CD "Queen live - Rock in Rio 1985", ando cada vez mais fascinado pelo requinte melódico da banda (vai demorar uns 800 Rock in Rios pra algum grupo conseguir superar a fantástica performance do Queen na primeira edição do festival), resolvi, como eles, ousar e fazer uma (sub)versão da canção "Bohemian Rhapsody". E aí que surgiu meu drama de criação lírica: como (sub)verter o que já era e sempre será perfeito? Como ousar a tal empreitada? 
Passei a noite, a madrugada e parte da manhã  ouvindo e (re) ouvindo a canção, fazendo (e refazendo) a minha subversão-homenagem-poética-tributo à banda liderada por Freddie Mercury (vale como homenagem a ele também, pois dia 24 de novembro fará 20 anos de sua precoce morte, vítima da Aids, em 1991). Mudei todo o conteúdo da mensagem original da canção "Bohemian Rhapsody" (onde um eu lírico dirige-se à mãe, informando que matou um homem e contando seus sentimentos finais diante da sentença fatal que recebera pelo crime) e a tornei um drama de um eu lírico criador que recebe constantemente a visita de outros eus líricos que o estimulam a viver novas vidas, sofrer dores fingidas que chegam a tornar-se sua própria dor (relembrando a "Autopsicografia", do também clássico poeta Fernando Pessoa). Busquei (ou melhor, tentei) principalmente ritmar os versos no compasso da fascinante canção do Queen, acompanhando as viradas melódicas que a música possui. Em respeito à homossexualidade do cantor e compositor desse clássico hit do rock mundial, fiz um eu lírico de sexualidade ambígua que recebe outros eus líricos masculinos (bem ao gosto de outras composições de Freddie Mercury - vide "I want to break free"). Ufa! E aqui estou eu, decomposto pela tour queeniana que eu mesmo me propus. Espero que o resultado não tenha sido de todo desastroso e que os leitores, ao menos, dediquem uma olhada singela à minha (sub)versão rapsódica e que dediquem os ouvidos à audição do fantástico Queen (mais abaixo da minha versão, postei um vídeo da canção original pra quem quiser curtir):


Rapsódia dos eus líricos bêbados

Destruí minha fria face
Reconstruí-me em fantasia
Aceitei muitos personagens
Que sempre querem sofrer em mim

Me joguei pelos ares
Agora sou seres desiguais fora de si
De pobre a playboy,
De tudo a um nada assim…

E eu vou da música até a dor,
Da raiva até o amor,
De Ninguém a Todo Mundo
De todas essas matas em mim, a dormir

Manhã, escuto outro homem
Pergunto o que ele sente
E, como um tigre, ele me fere
Manhã, e ele mais uma vez me banha
Com sangues de dores que eu não desejei
Manhã, oh
E eu sou esse outro homem a chorar
E ele ganha novamente o meu corpo

Criação, criação
E nada mais o impede...

...De me ser, outro toma minha cama
E me descreve diversos lugares
Bares que nunca frequentei
E, de bares em bares, eu me embriago

Gotas livres que ele me serve 
Num copo sujo
Manhã, oh, e eu não sou nada mais
Que um insone lixeiro do outro que me decompõe

Nesse espelho selvagem um tigre homem
Exclama e ruge, exclama e ruge em meu eu em prantos
Um outro que invade, sempre, sempre me invade
Sou gari de elos, gari de elos

Gari de elos, gari de elos,
Gari de elos, Ícaro em sol magnífico

Porque ninguém sabe como esse lixo me enobrece
Ninguém conhece a dor da dor que nunca tive
Não mais espero que passe a insanidade que resiste


E essa fome, essa dor, ela me embriagou
Poesia! Isso tudo que eu sou e não sou
Me embriagou

Poesia! Tudo isso que sou e não sou me embriagou
Poesia! Tudo isso que sou e não sou me embriagou
Isso que sou e não sou me embriagou, leve
Leve, o que sou e não sou me embriagou

Leve, embriagou, oh,
Noutro, noutro, noutro, noutro
Oh, manhã minha, manha minha, manha minha, me embriagou
Outro eu lírico que sofre em minha vida por si
Por mim
Por fim...

Ele quer que eu fique
Com suas dores, com seu espírito e me atrai
Ele quer que eu fique com suas dores em mim
E me pede mais

E me bebe e me pede que eu beba
Sua overdose
Sua overdose e me droga de vida

E ele é, ele é

Outro dessas matas
Nos versos que escrevi
Outro dessas matas
Outro dessas matas
Nessa selva em mim...


4 comentários:

  1. Caramba, a primeira estrofe é linda. Acabei de assistir um filme em que no final falava das máscaras que revelamos para os outros e que acabamos acreditando nelas.

    a terceira estrofe é maravilhosa. "...De me ser, outro toma minha cama" enigmático esse verso. gostei.

    Carlos, seus versos repetidos, são pra mim, como um grande flashback em minha cabeça. Sabe que outro dia acordei lembrando do poema que voce e juliana recitaram no Bristrô. Não lembro qual foi, só sei que voces repetiam alguns versos assim, "voce não....." (não lembro o resto, mas ficou martelando minha cabeça). Num post que eu pretendo (se conseguir me lembrar do que queria postar)"Estados Psicodélicos e Nostágicos II", tem algo a ver com esse martelar desses versos, mas não consigo me lembrar. Será que voce lembra do poema e pode me enviar o link (ce sabe que sou completamente retardada para encontrar não é rsrsrs), quem sabe não consigo me lembrar do resto das coisas que queria escrever e que estao pedidas nessa memória de ameba.

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    1. rs Ajudando a sua memória: o poema é "Contando os pingos" e verso que tanto te intriga é "Você não entenderá este poema / você não entenderá este poema". O poema, em sua versão escrita e com a forma primitiva de declamação - quando eu ainda o fazia em versão solo; porém como o poema é pessoano, aprimorei a interpretação, pedindo que a Ju fizesse o eco dos versos - está no seguinte link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2011/08/clipoema-contando-os-pingos.html (tem até um comentário seu nele rs)
      Já a versão ju e eu em vídeo no Identidade está no link: http://diariosdesolidao.blogspot.com.br/2012/08/solidoes-coletivas-identidade-cultural.html
      Abraços e, como diria Renato Russo, seja qual for a lembrança fragmentada que traz, obrigado mais uma vez por lembrar de mim! ;)

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    2. Kkkkkkkkkkkk, Cara, é esse mesmo. tem tudo a ver o título, realmente eu não entenderei essa minha memória, ela existe e atua independente de minha vontade. Droga, sei que eram versos lindos inspirados nesses ecos em minha memória (droga, droga, estão perdidos nessa massa encefálica amorfa. De qualquer modo, obrigada, vamos ver o que acontece.

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