segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Teresópolis e eu: Subindo a Serra (dos Órgãos e da Poesia)

Volta às aulas é sinônimo de retorno ao local de trabalho de cultivo de sonhos e, consequentemente, momento de rever Teresópolis/RJ e, no trajeto Valença/Rio de Janeiro/Teresópolis, reencontro-me com a Serra dos Órgãos, espaço natural que arrebatou meu coração à primeira vista “soberba” (quem conhece a cidade serrana sabe o significado desse pequeno jogo de palavras. Pra quem não conhece, explico: há um mirante no bairro Soberbo, chamado “Vista Soberba”. O poema abaixo, inscrito e classificado em 3.º Lugar no 2.º Concurso do Espaço Cultural de São Pedro da Serra, tema “Serra”, em Nova Friburgo, é o resultado de delírios poéticos diante da paisagem das minhas idas e vindas a Teresópolis. Inicialmente sem inspiração, acabei tentado a escrever, após ler os poemas de meus alunos sobre a serra (eles ganharam o primeiro, segundo e terceiro lugares na categoria juvenil do mesmo concurso). Quem me ajudou nessa empreitada poética, na época, foi a professora de Inglês Franca de Assis, que me indicou a canção “Meu amor se mudou pra lua”, de Paula Toller, que, segundo ela, a composição sempre lhe lembrava a subida para a Serra dos Órgãos, o contato com a natureza e o ar belissimamente bucólico da estrada. Ouvindo a música, contagiado com os poemas de meus alunos e relembrando cada olhar que dou a cada passagem pelas belas paisagens das serras de Teresópolis, fiz o poema abaixo:

Subindo a serra

Primeira marcha:
Meus olhos penteiam teus cabelos
- matos em desalinho que tateio
com a ilusão
como um menino que rabisca
horizontes infinitos em trilhas sem saída.

Segunda marcha:
Meu rosto abraça tuas frontes invisíveis
- estranhas formas rochosas que conheço
através do inconsciente
como um velho que recorda
infâncias inventadas no mirante da memória.

Terceira marcha:
Meu corpo idealiza teus ombros
- vários morros que fotografo
com a imaginação
como um louco que relata
imagens fantásticas nas montanhas do vazio.

Freio:
Quantos loucos velhos meninos
brincam nessa ciranda geográfica?

Ponto morto:
Estaciono meus órgãos
no parque em paisagens da realidade.

Gás:
Minhas orelhas conversam com teus ventos
- sussurros místicos que me prometem
novas vidas nas serras imaginárias
depois do expediente.

****

Aproveito para indicar o link da descrição lírica da viagem do grande escritor e músico Marcos Carcará de Delfim Moreira até o Parque Nacional da Serra dos Órgãos: http://carcaradaestrada.blogspot.com/2011/12/delfim-moreira-rio-de-janeiro-e-parque.html. Vale a pena ler, imaginar e ouvir (além de escrever magistralmente, Marcos ainda tocou um blues em referência à região serrana):



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