sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Essa invenção de fim de mundo: Traquinagens do menino de Barros


Hoje comemoramos o fim do fim do mundo que nós mesmos inventamos. Nesses momentos, imagino o fodástico poeta mato-grossense Manoel de Barros, que recentemente fez aniversário (fez 96 anos no dia 19 de dezembro), rindo sozinho em sua casa com essas festas do imaginário popular. 
A pedido da professora (e outrora poeta, nos tempos juvenis) Flávia Vargens, o poeta-pateta que vos fala ouviu o pedido dela e aceitou um dos desafios mais difíceis de todos que já recebera: fazer uma homenagem ao fodástico Manoel de Barros que reacendeu a chama de poesia na Literatura Brasileira e demonstrou que o prazo de validade de seus versos só terminam na eternidade. Aproveito a homenagem pra revelar uma inverdade verdadeira: pra mim, esse papo de fim de mundo é mais uma invenção do poeta Manoel de Barros, que de maia só tem os traços poéticos de uma engenhosa farsa literária.

Traquinagens do menino de Barros

O menino de Barros inventou o homem que não inventou mais nada.

Então o menino desinventou o homem e criou o fim do mundo que nunca acaba.

O menino – agora todo no lugar do homem, porque este não valeu nada – passou a criar asteróides em conflitos pacíficos, inventou até profecia dos maias.

O menino agora declara-se homem, engana todos e se consome em delírios assassinos de matar o invisível para se manter vivo.

O menino, batizado Manoel, fingindo de João, mata sete, mata borrão, mata mundo, mata pé de feijão, mata tudo sem sair de casa, sem erguer uma arma.

O menino de Barros – esse ser tão amalucado – mata todo o universo inventado só para dar à morte trabalho de inverdades.

Assim ela fica ocupada, enquanto o menino poeta inventa a eternidade.


2 comentários:

  1. Muito bom, Cara!
    Não parece ter sido desafio pra você; pegou uma linha de raciocínio e foi embora!
    Grande poema!

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  2. Manoel de Barros é o cara e esse poema ficou a cara dele rs! Muito foda!

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