terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Velhos poemas juvenis: Meus primeiros anseios lírico-aborrecentes


Começo de ano, verão, momentos calorosos em que todos mais uma vez preenchem o calendário com desejos, pedidos e promessas. Aproveitando esse período de reinícios, trago de volta da poeira do tempo um velho poema juvenil, um dos primeiros que eu escrevi, cheio de anáforas, paradoxos e desejos aborrecentes (tinha aproximadamente 15 ou 16 anos quando o escrevi). Fala sobre o que queria e o que não queria na vida, na época, na eternidade de minha poética. Evitei alterar qualquer coisa do original, algum tempo depois publicado em meu primeiro livro “Fim do fim do mundo” (1997, edição esgotada);  deixo eu lírico adolescente e solitário da forma como surgiu, romântico, paradoxal, usando e abusando das anáforas (repetições), ainda meio ingênuo, ainda aprendendo a poetizar.
Que neste ano saibamos mais uma vez expressar nossos desejos, nossos ‘quereres’ e ‘não quereres’, amigos leitores, sem perder nossas raízes, sem perdermos jamais aquele olhar ardente adolescente, sem nos perdemos jamais.

Só (não) quero

Só quero ir embora pra outra casa
Só quero ver o sol em outro muro
Só quero conhecer outro mundo
Só quero fugir pra outro refúgio
Só quero uma estrela
Feita de carne e osso
Que eu possa abraçar
Sem por isso ela deixar de brilhar.

Só quero ver o poço e não afundar
Só quero sair do vazio
Só quero perder o medo de tudo
Só quero a lua
Completamente nua
Sem roupas nem imagens
Pra intoxicar o meu amor.

Só quero fugir da dor
Só quero fugir do meu mundo
Só quero ter forças pra fugir
Através de outro mundo
Através de outro sol
Através de outro mal
Através de um absurdo
Através de uma mulher.

- Só quero não querer mais nada só.


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