domingo, 30 de março de 2014

Poemas históricos: Memórias do Abril Despedaçado (Pelo futuro do vermelho em teus lábios)

Dia 1.º de abril está chegando e sempre recordamos dele como o Dia da Mentira. Dentre as grandes mentiras desta data, há a maior de todas, a famigerada 'revolução' de 64 (leia-se golpe dado por uma cambada de filhas da puta armados), na verdade, o cretino Golpe Militar dado no Brasil, sob patrocínio dos Estados Unidos da América (leia-se pretensioso dono metido à besta e babaca da América), sempre paternalista e temeroso de que seus filhos, tratados como bastardos, saíssem de suas acolhedoras garras e mudassem para sonhos anti-estadunidenses. A pedido e incentivo da fodástica artistamiga e ativista social Rosangela de Castro, construí a poucas horas atrás, um poema que relembra esses momentos sombrios da História brasileira.
Um poema pra lembrarmos de não esquecer, um poema para que o sonho interrompido pela ditadura militar volte a ser sonhado. 
 Em tempo: Amanhã, 50 anos depois do turbulento acontecimento, será realizado um Ato contra o Golpe Militar, na Calçada da Fama, no Centro de Teresópolis/RJ, às 17:30h. Vale a pena participar, vale a pena não deixarmos a nossa história e sonhos morrerem. Arte sempre e sempre à esquerda!


Memórias do Abril Despedaçado 
(Pelo futuro do vermelho em teus lábios)

Em todo dia primeiro de abril, me lembro da Revolução da Mentira,
Os lobos maus fardados fingindo de boas meninas,
Nós armados em nossas gargantas,
Nós amarrados na intolerância,
Nossos anos de chumbo,
Nossos ânus imundos
Pela invasão dos dedos duros
Dos fiscais da tortura e da boa conduta.
Presos em celas secretas
Por pensarmos em nossa Sierra Maestra,
Eles estupraram nossas fantasias
E, até hoje, comemoram o fim de nossa rebeldia.

Todo grito de protesto hoje teme ser beijado pelo cacetete do soldado,
Todos os direitos se calam diante do desrespeito do Estado Armado;
Em Teresópolis, a Liberdade de Expressão virou nome de sala de opressão
Em Câmaras de vereadores e de bajuladores da situação.

E aquele velho general, honey baby, condecorado por sua violência
Hoje posa sorrindo com seus filhos, futuros candidatos à Presidência;
E aquele artista rebelde, honey baby, torturado quase até morte
Hoje é um homem perdido, mendigando nas ruas com nomes de coronéis,
Perdeu os dedos e os anéis, está entregue à própria sorte,
Espera um bilhete premiado num jogo de esquerda que não existe mais.

O mundo todo repousa à direita, honey baby, e dorme estagnado
Em coletivos caros e lotados,
Em coletivos privados
Que os pobres não podem pagar,
Enquanto o sol vermelho nasce do outro lado
E ninguém consegue mais enxergar...
Aquele velho navio perdeu a direção no Estado do Rio
E hoje vive atracado em um porto vazio
E eu não sei, honey baby, quando vamos reencontrar a passagem
Pra realizarmos aquela velha viagem
Mas, nem por isso, vou deixar de procurar!
Mesmo derrotado, não vou me render,
Mesmo ferido, não posso esquecer,
Porque é só lembrando, honey baby, que vamos rever
O paraíso interrompido pelos soldados e pela tevê.
Honey baby, o sonho ainda está vivo,
Vermelho e constante como o nosso sangue,
Contra o verde desbotado dos tanques,
O sonho ainda está vivo em mim e em você! 


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