quinta-feira, 31 de julho de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto LXXXIX

LXXXIX

Às vezes arrumo a casa. Ai de mim que o hospício visite minha residência e descubra que minha senilidade inventada é uma máscara pra minha loucura em evidência. Às vezes arrumo a casa só pra manter minha desordem intacta.


quarta-feira, 30 de julho de 2014

terça-feira, 29 de julho de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto LXXXVII

LXXXVII


Gosto quando Sherazade faz biquinho, deixa nosso amor mais vivo. Seu ar resoluto de que nos separaremos em absoluto desperta meus instintos criativos mais absurdos. Não tocá-la nesses segundos de rancor me leva a um mundo impossível, desesperado pelo retorno invencível de seu calor. O sentimento contrariado permite a invenção de momentos de reconciliação, muito mais apaixonados por serem completamente idealizados. Gosto quando Sherazade faz biquinho, porque, no toque reprimido, existe um mundo invisível, muito mais bonito e criativo.



Solidões Preguiçosas Compartilhadas: A declaração de amor incondicional de Renata Santos para sua cama

Tempinho frio dá aquela preguicinha boa... O melhor momento pra lançar uma nova poeta no blog, alguém que conseguiu descrever do forma lírica e fascinante a apaixonante obsessão pelo sono: fã do ultrarromântico Álvares de Azevedo, hoje estreia no blog a poetamiga paulista, atualmente residindo em Barra do Piraí/RJ, Renata Santos, com sua declaração de amor incondicional ao templo do sono.
Vale a pena ler e reler. Com bom humor, Renata parodia as declarações líricas de amor tradicionais, subvertendo-as e usando-as para a criação de uma ode a um objeto personificados, amado e idolatrado por todos os bons preguiçosos nesses períodos de frio e cansaço: a cama.
Deitemos com paixão na cama lírica de Renata Santos, amigos leitores!

Declaração de Amor

Quando acordo, demoro a aceitar que tenho que te deixar.
Tu que me aqueces e me envolves todas as noites.
Como ficar o dia inteiro longe de ti?
Sinto tanto a tua falta...
Te juro, penso em ti o dia inteiro e posso dizer que te amo.
Sim, eu te amo,
minha cama perfeita.



segunda-feira, 28 de julho de 2014

Crônica Machadiana Premiada: Sobre (e sob) os feitiços de um velho bruxo

No meio de um dia nublado e ainda meio chateado com um evento cultural com público um tanto frustrante (depois de alguns sucessos na tour por outras cidades, voltar à sua cidade lírica de origem e receber uma certa indiferença é meio estranho, ou pior, muito estranho), finalmente uma notícia que trouxe um bocado de luz e calor para um dia aparentemente melancólico. Recebi um e-mail com a seguinte mensagem:
"Prezado Carlos Brunno S. Barbosa (Pseudônimo: Joaquim Brás de Assis)
É com imensa satisfação que comunicamos que sua Prosa: “Sobre (e sob) os Feitiços de um Velho Bruxo”, categoria: de 19 a 39 anos, foi classificada em 1º lugar no Concurso de Poesia e Prosa da Academia de Letras de São João da Boa Vista – SP, Edição 2014.
Solicitamos que nos envie novamente todos os seus dados para conferência.
A premiação será dia 27 de setembro deste ano, às 20 horas em local a ser definido.
Precisamos de sua confirmação na participação da solenidade de entrega dos prêmios.
Parabéns!
Silvia Ferrante – Coordenadora do Concurso 2014
Lucelena Maia – Presidente da Academia de Letras de São João da Boa Vista – SP"
Yeah, amigos leitores, mais uma filha-crônica-prosa-poética classificada! E, como é de praxe, compartilho com vocês o texto premiado, inspirado na contemporaneidade das obras de Machado de Assis. Essa crônica-prosa-poética me surgiu em 2008, no centenário do escritor, depois de ouvir muitos acusarem que a obra de Machado de Assis eram "ultrapassadas", "de outra realidade", "chatas", etc. Parti em defesa desse mais-que-fodástico escritor brasileiro, mestre de uma ironia e críticas únicas e atemporais. O escrito permaneceu inédito até o momento (6 anos!), pois sempre acreditei que ele merecia algum destaque em concursos literários. Concorri teimosamente com o texto, até que, por alguma benção do Velho Bruxo do Cosme Velho, ele foi premiado.
O sonho recheado de loucura lúcida permanece vivo e vitorioso, amigos leitores! Saudações Machadianas e Arte Sempre!

Sobre (e sob) os feitiços de um velho bruxo
           
Perto de minha casa, há um homem triste, fechado para o mundo como um Dom Casmurro. Dizem que desconfiava de sua mulher, dizem que o filho, fruto do conturbado matrimônio, é a cara do melhor amigo daquele triste homem. Talvez tudo se resolvesse com um exame de DNA, talvez fosse apenas paranóia dele, talvez tu, amigo leitor, leias um e-mail em que esse ser casmurro revele toda a vida dele, com uma visão muito íntima de todos os acontecimentos. Talvez ele te convença, talvez desconfies dele. Mas uma coisa te assustará, prezado leitor: o ciúme – tão defendido pelo homem triste – não te será desconhecido. Na verdade, tu, estupefato leitor, te surpreenderás observando com olhos desconfiados a tua senhora, deletarás o maldito e-mail, porém – ainda mais assustado – perceberás que os sentimentos humanos não se apagam.
            Sim, contemporâneo senhor, atravessas o mundo com pés formatados no século XXI, mas os teus dramas humanos, a essência de tua vida trai qualquer inovação tecnológica. Triste ironia machadiana! Por mais informatizado que se declare o universo, o ser humano ainda é primata em seu âmago.
            E nesse momento de absoluta perplexidade e autoconhecimento, lembrarás daquele defunto político, cuja trajetória humana não acrescentou nada para a História dos mundos, apesar da lápide que anuncia seu passamento indicar com todo pesar a falta que esse bom homem nos faz. Recordarás de alguns discursos ínfimos e grandiloqüentes daquele alto funcionário do Estado e perceberás que, há tempos, a nossa elite desfila com a máscara pedante da hipocrisia. Tonto com as lembranças, tu, atrasado leitor, te conscientizarás que existem mais Brás Cubas na terra do que a vã filosofia celeste poderia imaginar.
            Mesmo assim negarás esse espelho de tua sociedade, porque também te verás refletido nele. Eis os vermes da hipocrisia em ti, pudico leitor, eis um novo tema para um velho conto de Machado de Assis e, finalmente, eis a literatura comprovando a lei de Lavoisier: na natureza (se me permites, acrescentarei a palavra ‘humana’ no nobre pensamento do renomado físico) nada se cria, tudo se transforma. Vestimo-nos com novas roupas, novos nomes, porém nossos corpos ainda carregam as mesmas indumentárias, as mesmas sensações. Se algo mudou de alguns séculos para cá, foram as máscaras, pois as almas continuam as mesmas: humanas, perigosamente humanas.
            Ainda há amantes que procuram cartomantes para fugir de seus fatídicos destinos, enfermeiros que maltratam pacientes, professores que servem de agulhas para alunos-vestidos, pessoas que amam, pessoas que traem, ainda há pessoas. Sinto informar-te, impaciente leitor, mas ainda somos humanos. Os feitiços do velho Bruxo do Cosme Velho ainda funcionam. Em vão deixarás as traças roerem os ‘antiquados’ livros de Machado de Assis, pois os jornais, que lês enquanto tomas o magro café da manhã, ressuscitarão as páginas perdidas da machadiana e triste, porém nossa, realidade.
            Por isso, invoco-te, provoco-te, convoco-te, incauto leitor: se queres assumir a verdade secular em tua cama transitória, se desejas retirar o cisco da cegueira de teus olhos pós-modernos, olha para trás... Verás a estante empoeirada, os livros de Machado com suas páginas amarelecidas pelo círculo vicioso do abandono e abrirás o mundo moderno para eles. Então perceberás que os universos se comunicam, que certas denúncias da mazela humana se eternizam, e que, finalmente, acordas pra vida real, sonolento leitor! 

Joaquim Brás de Assis (Pseudônimo usado por mim em homenagem a Machado de Assis)


Sarau Solidões Coletivas na Festa Cãoipira da AVPA

Clube dos Democráticos, Centro de Valença/RJ, Noite de Domingo, 27 de julho de 2014 - Fracasso de público, mas não de fodásticas apresentações, o Sarau Solidões Coletivas venceu as intempéries (problema na caixa de som, ausência de alguns artistas, indiferenças, etc) e mais uma vez retornou a Valença/RJ em alto estilo, ao participar da "Festa Cãoipira", evento beneficente organizado pela Associação Valenciana de Proteção aos Animais (AVPA). 
O evento marcou também o retorno do músico e amigo Zé Ricardo Maia, que homenageou em seu repertório, Chico Buarque de Hollanda, Nirvana, Charlie Brown Jr., Raul Seixas e composições do músico e amigo falecido (mas vivo em nossos corações) Adriano Gonçalves. Os vídeos ainda contêm as apresentações minhas, com poemas autorais em homenagem aos cães (e, principalmente, ao Ozzy, labra-latas da minha sogra Isabel Cristina Rodegheri), poemas de Carlos Orfeu e de Patrícia Corrêa e letra de música do músico e amigo Xarles Xavier. Juliana Guida Maia declamou poema de Manuel Bandeira e de sua autoria. Raquel Leal deu voz à letra de música de Caetano Veloso e poema de sua autoria,  Paulo Roberto, do Coletivassom, brilhou nos raps improvisados, acompanhado do violão de Zé Ricardo.

Se vale a pena continuar fazendo arte underground, mesmo quando poucos valorizam? Às vezes, eu não sei... Mas a gente continua na loucura lúcida, e continuaremos com a mesma proposta: Arte Sempre, mesmo quando o mundo nos esquece, estamos espalhados pela net, entraremos em sua cabeça de uma forma ou de outra, continuaremos: Arte Sempre!




domingo, 27 de julho de 2014

Solidões Compartilhadas: Os domingos com tom de blues de Carlos Orfeu

Todo dia é dia de poesia, de todo tipo de poesia, mas esses domingos assim meio nublados, liricamente melancólicos, me lembram um poema em particular: o fodástico " Há nos domingos um certo tom de blues" (é o primeiro verso do poema; na verdade, essa obra-prima não possui título) do mais-que-fodástico artistamigo Carlos Orfeu, nascido em São Gonçalo/RJ e atualmente residindo em Queimados/RJ.
Carlos Orfeu é um poetamigo conhecido do blog, pois várias vezes publiquei parcerias poéticas nossas e fodásticos poemas de sua autoria. Hoje, mais uma vez compartilhando minhas solidões poéticas com o poetamigo, tenho o prazer de oferecer aos amigos leitores uma nova visão, com notas líricas da poética blues de Carlos Orfeu, para aqueles domingos aparentemente vazios e estranhamente tristes.
Bom Domingo Blues e Arte Sempre, amigos leitores!

Há nos domingos um certo tom de blues
uma sensação crônica de Nada
uma preguiçosa e enovelada tristeza
de pensar profundidades tão fatais
que quando decidimos sair de nós

voltamos com os olhos ainda empoçados
de outros incuráveis domingos.
Carlos Orfeu


sábado, 26 de julho de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto LXXXVI

LXXXVI

Morri aos 87 anos vítima de pneumonia: nem eu mesmo poderia imaginar mais ilustre fantasia! Aqui jaz o velho sonhador assassinado por uma febre de melancolia!



Tudo que não falei pra você (ou A tempestade que não acaba)

Há algum tempo atrás, vi na página de atualizações do facebook, uma mensagem que minha amiga virtual Cris Lacerda compartilhou sobre sentir a chuva e não apenas vê-la cair. Por causa dessa mensagem, me vieram mil poemas na cabeça – um destes é o que compartilho hoje com os amigos leitores no blog.
Esse poema demorou um pouco para ser postado, pois foi selecionado em uma coletânea e tive que segurar a postagem pra preservar o ineditismo do texto. Ainda não é o poema sobre sentir as chuvas que planejei e prometi para Cris Lacerda, mas recebeu a influência da postagem dela e, assim, é dedicado a ela e a todos que veem as chuvas de inverno e que levam milhares de sentimentos todas as vezes que assistem ao espetáculo das chuvas que hibernam nossas sensações no inverno, como as canções mais melancólicas da Legião Urbana, como a poesia sublime de uma tristeza ‘quase sem querer’ que acorda em nossos olhos nestes dias frios.

Tudo que não falei pra você (ou A tempestade que não acaba)
Tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor.” (Renato Russo)

Sabe esse corte em meus lábios,
tão invisível pra nós dois?
É aquele beijo que não dei em você.
Dói sempre, mas alivia quando adormeço,
cicatriza quando bebo sonhos.

Sabe esse buraco em meu peito,
tão protegido dentro da camisa?
É aquele coração que se abriu
e você não levou.
Dói sempre, principalmente em dias frios,
gela em noites de calor...

Sabe essa flacidez em meu sexo,
tão escondida no banho solitário?
É aquela noite mal dormida,
a cama vazia como você deixou.
Dói sempre, mas o ralo do chuveiro leva
todos os esforços de tentar o prazer,
inútil tentar sozinho me fazer amor...

Sabe essa ferida no dedão do pé,
tão aflita e ridícula no sapato apertado?
É aquele chute que dei contra a parede,
depois que você não voltou.
Dói sempre, principalmente quando amanhece
e vejo a sala intacta, sem nenhuma evidência
da minha violência,
como furacão que nada arrasta,
tempestade sem água,
hoje está chovendo demais!...

Sabe esse cara bem sucedido na sua frente,
tão abatido apesar do sorriso?
É aquele mesmo homem orgulhoso
que ignorou a sua tristeza
e agora dorme sempre com ela,
sem saber como lidar com toda a dor
que você deixou...

Tenho que ir, ver como o inverno invade a minha casa,
deixo consigo a minha máscara descarada,
enquanto me jogo na tempestade que não acaba.
Engano-me que são gotas de chuva as minhas lágrimas,
cabeça erguida, alma cabisbaixa,
o velho bom mau perdedor...


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto LXXXV

LXXXV


Ok, jornalista cético, eu confesso: jamais escrevi uma só linha. Macondo, Gabriel, Márquez, García, o mundo inteiro, meus livros, minha morte e minha vida, são tudo mentira! Por sinal, senhor jornalista, não podes gravar esta entrevista, pois tu e eu também são fantasias minhas...


Sarau Solidões Coletivas no Sarau do Dia do Escritor do GREBAL

Sede do Grêmio Barramansense de Letras (GREBAL), em Barra Mansa, dia 24/07/2014 - A convite/intimação do poetamigo Jean Carlos Gomes, de Volta Redonda, Raquel Leal e eu, representando o Sarau Solidões Coletivas, participamos do Sarau do Dia do Escritor, realizado pelo Grêmio Barramansense de Letras (GREBAL). O vídeo contém momentos dessa apresentação (em alguns momentos iniciais, a filmagem ficou meio embolada, mas vale como registro do meu retorno à Sede do GREBAL, que eu não visitava há anos).


quinta-feira, 24 de julho de 2014

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Uma canção de despedida numa época de tantas partidas: O aniversário melancólico do Diários de Solidões Coletivas

Hoje o blog realmente faz 3 anos (a memória do poetamigo blogueiro que vos fala às vezes é tão louca que acabei trollando vocês há cerca de 1 mês atrás: o aniversário de 3 anos do blog não aconteceu no dia 23 de junho; na verdade, o blog só fez 3 anos hoje, dia 23 de julho), mas pouco há pra se comemorar – em um breve período perdemos Gabriel García Márquez, Rubem Alves, João Ubaldo Ribeiro, meu tio poetamigo Noel e, agora há pouco, Ariano Suassuna. É, tá foda, amigo leitores, as solidões coletivas vivem momentos de imensa tristeza coletiva. Mas promessa é dívida e o projeto lírico do blog se mantém: vamos sempre levar pra eternidade aqueles que vivem e aqueles que morrem e, assim, matar a falta de vida da tal da morte.
E como trollei vocês, amigos leitores, ontem, no facebook, dei nova chance de sugerirem de novo qual artista (escritor, músico, banda, louco, etc) eu homenagearia na postagem de hoje. Ganhou o pedido da poetamiga Raquel Leal: homenagear Rubem Alves. Confesso que amo o lado lírico deste escritor, mas sempre tive minhas desavenças com ele por sua postura agressiva aos professores, classe que ele atacou em diversos textos e palestras de forma generalizante e muitas vezes exagerada (não é porque ele partiu que tal ferida com algumas de suas posturas profissionais se cicatrizaria, afinal é a minha classe trabalhadora – mesmo que tais acusações dele aconteçam com parte da classe, não se deve bater em todos os seus representantes com tamanha autoridade, como se o escritor-professor fosse o único dono da verdade e o restante, os réus confessos inconfessáveis). Mas relevei tudo isso pelo pedido lírico de Raquel Leal.
Para fazer a homenagem, busquei o lado de Rubem Alves que me cativou e sempre me encantou: o do contador lírico de boas histórias, o do autor do mais-que-fodástico conto “A menina e o pássaro encantado”. Em meu poema, resolvi dar voz ao pássaro encantado que, após tanto tempo, perto da menina, contando-lhe histórias, precisou partir, se desvencilhar da amorosa gaiola (leia o texto de Rubem Alves na íntegra no link: http://contadoresdestorias.wordpress.com/2008/01/07/a-menina-e-o-passaro-encantado-ruben-alves/). Pra manter a sonoridade, afinal é uma despedida cantada por um eu lírico pássaro encantado, adotei rimas e uma métrica meio louca que inventei (cada quarteto – estrofe com 4 versos – possui dois versos iniciais alexandrinos [de 12 sílabas poéticas] e dois versos finais de 14 versos). Segundo Juliana Guida Maia, minha namorada e crítica primeira da maioria de meus poemas  “ficou simples e bonitin’”.
Nesse período de aniversário do blog no meio de tantas partidas, deixo para os amigos leitores a “Canção de despedida do pássaro encantado pra menina da gaiola dourada”, em homenagem ao conto “A menina e o pássaro encantado” de Rubem Alves, em preparação ao cotidiano de tanto adeus nesse inverno rigoroso que congela com a eternidade da ausência os nossos mais queridos autores.

Canção de despedida do pássaro encantado pra menina da gaiola dourada

Se canto à distância, menina bonita,
É porque só sei compor as canções na estrada,
Preciso ver o tudo, careço fugir do nada,
Só sei tocar diante da beleza infinita.

Por isso nego a tua gaiola blindada,
Por mais que tua prisão seja confortável,
Devo continuar a perseguir o inalcançável,
A liberdade é a cadeia mais bem ornada.

Não chores, menina linda, a dor da partida,
Pois não existe adeus em nossa despedida,
Poupa essas lágrimas pras chuvas que caem errantes
Estarei sempre aqui contigo mesmo que distante.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sarau Solidões Coletivas de Valença/RJ com Movimento Lírico Frenético em São Gonçalo/RJ!


Quem viu o blog sem atualização há 2 dias pode ter pensado que o blogueiro eu vos fala estava meio ocioso durante esse período. Grande engano, amigos leitores: é que o Sarau Solidões Coletivas nunca teve uma agenda cultural tão frenética, tanto que até me senti meio líricorockstar rs, afinal foram duas apresentações fodásticas em dois eventos super-fodásticos no mesmo dia! Eu representei o Sarau Solidões Coletivas em 2 eventos que rolaram em São Gonçalo/RJ no sábado, dia 19 de julho, e sempre muito bem acompanhado de mais-que-fodásticos artistamigos: acompanhado do músico artistamigo Xarles Xavier, na edição de julho do Evento Identidade Cultural & Movimento Culturista, organizado pela mais-que-fodástica Janaína da Cunha (que também fez um dueto poético comigo e tornou as Solidões Coletivas ainda mais maravilhosamente Coletivas) no Restaurante Sintonia Fina, e, acompanhados do super-punk-rock da banda Inércia, Janaína da Cunha e eu prestamos uma homenagem lírica à banda Bad Religion na edição de julho do Rock na Garagem, organizado pelo Feira Moderna Zine.

Foram 2 momentos fodásticos (haja repetição da palavra ‘fodástico’ pra uma postagem só, mas não podia ser diferente: os eventos foram intensos demais, amigos leitores!), registrados em vídeos que vocês podem assistir logo abaixo, incluindo a descrição detalhada de cada um.
O blog pareceu estacionado neste período, msa, como diria Paulo Miklos, fui “ser feliz e já volto”; o Sarau Solidões Coletivas está mais coletivo e mais frenético que nunca! Yeah, a poesia segue seu louco e lúcido movimento, amigos leitores! Arte Sempre!

Do Carpe Diem, Entre Canções de Outono Até Só por Hoje ao vivo no Evento Identidade Cultural & Movimento Culturista, Edição de Julho


Restaurante Sintonia Fina, São Gonçalo/RJ, dia 19 de julho de 2014 - Acompanhado do fodástico músico e compositor Xarles Xavier, Carlos Brunno S. Barbosa representou o Sarau Solidões Coletivas, de Valença/RJ, na edição de julho do Identidade Cultural & Movimento Culturista, organizado pela mais-que-fodástica poetamiga Janaína da Cunha. No vídeo, vemos Carlos Brunno declamando os poemas "Carpe Diem", da ex-poetaluna da E. M. Alcino Francisco da Silva Alana Gomes, "O último adeus (ou o primeiro pra sempre)", de sua autoria e "Memórias do abril despedaçado" em parceria com "Só por hoje", de Janaína da Cunha (este dueto poético está fragmentado no vídeo, por problemas na filmagem). Intercalando os poemas, Xarles Xavier apresentou "Canções de Outono" e uma canção em homenagem ao bairro Estrela do Norte, onde estávamos.  

Sobversão Punk Rock Poética em Tributo à banda Bad Religion com Carlos Brunno, Janaína da Cunha e banda Inércia no Rock na Garagem



Metallica Pub, São Gonçalo/RJ, dia 19 de julho de 2014 - Acompanhados da banda Inércia, Carlos Brunno e Janaína da Cunha, representando, respectivamente, o Sarau Solidões Coletivas, de Valença/RJ, e o Evento Identidade Cultural & Movimento Culturista, apresentaram uma subversão punk rock poética, em tributo ao Bad Religion, durante a edição de julho do Rock na Garagem. A declamação rolou ao som punk de "Dream of Unity", da banda Bad Religion. Curiosidade: o momento punk-rock-poético marcou o retorno de Janaína da Cunha ao Metallica Pub (há 2 anos que ela não se apresentava nesse fodástico espaço lírico-underground de São Gonçalo).

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Subversão Punk Rock Poética: Amando Prostitutas Em Vão em Dream Of Unity

Pedido de aniversariante é sempre uma ordem: Rafael A., responsável pelo Feira Moderna Zine, me pediu uma subversão poética em homenagem a “Dream Of Unity”, da banda Bad Religion, topei o desafio e, mais abaixo, você, amigo leitor, verá o resultado.
Antes que leia e me condene por ter alterado o significado oficial da canção (é uma letra de música politizada, na qual o eu lírico tem um sonho de ver todos unidos e, ao acordar dessa utopia, percebe-se sozinho, tentando sobreviver aos apuros dos rumos egoístas que a humanidade anda tomando), aviso que o que faço e invento é uma SUBVERSÃO POÉTICA, cujo objetivo é perceber os universos líricos paralelos e alternativos que se pode conquistar ao ouvir uma melodia sem se preocupar com sua letra. Na minha subversão, o eu lírico original politizado transformou-se num cliente apaixonado por uma prostituta voraz, gananciosa e egoísta. Em ruínas, o eu lírico cliente precisa se despedir de sua gananciosa amada. Os versos foram elaborados de acordo com o ritmo da canção, como se fosse uma paródia séria ou uma paráfrase subversiva do original. Ou seja, se, no original, há no eu lírico um sonho de união da humanidade contra os controladores do poder e este sonho não se realiza, na minha subversão poética, há no eu lírico um sonho de união amorosa que não se realiza devido à ganância e egoísmo da pessoa amada. O objetivo das minhas subversões poéticas é esse: plurissignificar o conteúdo que uma melodia pode oferecer; é uma homenagem que não se contenta em render apenas loas passivas ao homenageado, um tributo poético anárquico e, bem, chega de explicação e vamos à poética subversão.
Em tempo: o poema será declamado na próxima edição do Rock na Garagem, organizado pelo Feira Moderna Zine, que acontecerá amanhã, a partir das 18h, no Metallica Pub, em Porto Novo, São Gonçalo/RJ.

Um drink pra me despedir de ti

Baby, só mais um drink pra me despedir de ti,
antes que os relógios marquem
que é tarde, tarde demais
pra te dizer tudo que eu vi
quando estavas longe de mim,
tentando gastar mais do que podes ganhar.

Longe de ti, eu sonhei que poderia viver
sem essa fome, sem teu falso amor,
baby, como eu estranhei esse mundo sem leis,
tão livre da tua ganância sem controle...
sem o teu controle...

Baby, só mais um drink pra me despedir de ti,
antes que com outros marques,
pois pra ti é sempre tarde, tarde demais,
e sei que vai ser sempre assim,
estando perto ou longe de mim,
sempre vais gastar mais do que podes ganhar,
sempre vais cobrar mais do que eu posso te pagar!... 




O Conto do Luto Perpétuo Mais Perpétuo de Itaparica: Minha forma de dizer adeus a João Ubaldo Ribeiro

Há pouco tempo, perdemos o fodástico escritor colombiano Gabriel García Márquez. Agora perdemos o fodástico escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, autor de obras-primas como “Sargento Getúlio”, “Viva o Povo Brasileiro”, “O sorriso do lagarto” e – sei que não é tão valorizado quanto os outros, mas é o que eu mais amo - “Miséria e Grandeza do Amor de Benedita”. O que posso dizer? Luto, o mais severo luto que a literatura universal já passou nos últimos tempos. Mas não podemos parar, simplesmente parar, amigos escritores e amigos leitores, precisamos continuar, manter viva a literatura a qual eles se dedicaram e seguir reconstruindo os universos possíveis e impossíveis que esses fodásticos escritores criaram. Por isso, meu tributo narrativo de hoje sai assim meio triste, mas buscando manter vivo o sorriso de nosso povo, o sorriso aberto de João Ubaldo Ribeiro.

O Luto Perpétuo mais Perpétuo de Itaparica

Deoquinha Jegue Ruço, prefeito de uma Itaparica que, a partir de hoje só existe nos livros de romance, gênero textual doido que, apesar do nome, não precisa ter romance no sentido prático do beijinho, abraço e rala-rala (mas nos romances ambientados nessa Itaparica tem, porque aqui personagem macho acasala), entrou no boteco e declarou:
- Hoje fica oficializado que estamos de luto perpétuo pelo ilustríssimo escritor João Ubaldo Ribeiro.
- Era outro filho seu, senhor Deoquinha? – perguntou o sacana dono do boteco, conhecedor dos inúmeros filhos bastardos do prefeito.
- Não, claro que não, homem! Sou lá tão velhaco pra ter filho idoso?!? Minha jeba funciona bem desde nascido, mas eu bebê ainda não fazia filho! O luto é perpétuo, porque o ilustríssimo escritor João Ubaldo é o filho mais letrado de nossa ilha, autor de diversos romances em homenagem a esses confins. Vocês, cambada de ‘ingnorantes’, deveriam estar chorando a maior perda intelectual de nosso paraíso tropical!
- E ele escrevia sobre o que, seu Deoquinha? – perguntou o Sargento Getúlio – Espero que não seja nada de subversivo, sabe como é, ficar homenageando esses comunistas aí que gostam de comer criancinha, tu sabe, tem que jogar pedra e não ficar mandando flores.
- Que isso, meu camarad... – Deoquinha hesitou, afinal tratar o sargentão de camarada foi no mínimo uma atitude suspeita... Logo mudou o tom pausado pra um mais enérgico pra não perder o fio da meada. – Quando essa cidade de filhos benévolos, de bons cidadãos, formou filhos da puta (que não sejam da pensão ali debaixo rs)? Seu João Ubaldo Ribeiro era escritor porreta e cidadão íntegro! Não sei bem nada que ele escreveu, exceto umas poucas linhas que me foram lidas pela minha esposa Benedita.
- Dona Benedita é uma santa senhora, Senhor Deoquinha. Com todo o respeito e humilde devoção à tua senhora, modelo de integridade da nossa sucumbida Itabira, se esse anjo que é Dona Benedita não viu mal e ainda abençoou a escrita do tal senhor João Ubaldo Ribeiro, ele merece receber as honras de falecido do luto coletivo perpétuo mais perpétuo do universo. – defendeu o jovem poeta e boêmio Ricardinho, o que gerou alguns risinhos sacanas e disfarçados nos bêbados que se encontravam numa mesa do canto: segundo as más línguas, o Ricardinho virava Ricardão quando ia visitar a ‘íntegra’ dona Benedita, quando Deoquinha dava suas rotineiras ‘fugidinhas’. Deoquinha Jegue Ruço, que é corneador voraz demais pra se reparar como corno manso, sempre considerou intriga da oposição e consentiu com a defesa do rapaz:
- Pois é! O ilustríssimo escritor João Ubaldo Ribeiro é o ser mais digno do luto perpétuo mais perpétuo dessa cidade. Quantas e quantas vezes ele veio, nesses muitos anos, dar aulas de literatura pra minha querida esposa. Benedita se via atribulada com tanto conhecimento, ficava horas e horas com ele trancada na sala de leitura, segundo o escritor, “pra que as palavras não escapassem fácil da estudiosa Dona Benedita”. Quanto conhecimento, quanta literatura! Minha esposa aturava todo aquele conhecimento literário exorbitante com a garra e sacrifício de uma santa senhora. Era tanto conhecimento que minha dona saía até suada das aulas de tanto peso de literatura que ela tinha que carregar! – novos sorrisos marotos se formavam na boca de alguns bêbados, mas Deoquinha Jegue Ruço estava num transe de emoção tão grande que quase não via o mundo à sua volta. – Parei, parei, amigos, que cabra macho como eu não se pode pôr a chorar por outro homem, mesmo que este seja o ilustríssimo senhor João Ubaldo Ribeiro. Mas que é triste demais a perda é, ah, se é! Minha santa mulher já está com olheiras de tanto chorar e rezar pela alma daquele vistoso senhor!
- Trouxe uma foto do infeliz, senhor Deoquinha? Pra ver se a gente se ‘alembra’ do coitado...
- Aqui está!
Logo vários o reconheceram; sabiam quem era o cabra, só nunca o trataram pelo nome citado. Uns lembraram que o chamavam de professor – outro, ao ouvir isso, exclamou naturalmente: “Ah, coitado!” Um outro, mais malicioso, até sussurrou pro colega: “É o pai legítimo de dois filhos do seu Deoquinha com a dona Benedita, olha só: cara de um, focinho do outro!”

Depois disso, nem Deoquinha, nem mais nenhum outro habitante da Itaparica de João Ubaldo Ribeiro falaram mais nenhuma palavra. Estava declarado o luto perpétuo mais perpétuo de Itaparica...
(Carlos Brunno S. Barbosa, em homenagem a João Ubaldo Ribeiro [ in memoriam])

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto LXXXII

LXXXII

O invento mais triste da América Latina: sua desigualdade social é o realismo fantástico do sistema político mais irracional. Nem o Inferno de Dante imaginou provações mais angustiantes para a população ignorante.




quarta-feira, 16 de julho de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto LXXXI

LXXXI


Pra destruir o inverossímil “american dream”, inventei-me socialista no mundo capitalista. Ah, logo eu, tão anarquista, tornei-me um bolchevique caçado pela CIA! Pra destruir a efemeridade de um falso sorriso amigo, bastou-me sorrir pro seu maior inimigo.


Solidões Astronômicas Compartilhadas: Romário Pereira no Mundo da Lua

É comum, atualmente no facebook, vermos jovens preencherem como área de trabalho a fictícia empresa “Frases & Versos”, quando não querem colocar a inventada associação VASP – Vagabundos Anônimos Sustentados pelos Pais. Na maioria das vezes, esses jovens que se colocam como trabalhadores da imaginária “Frases & Versos” ou apenas compartilham frases e versos alheios que são admirados pelo compartilhador ou somente por serem admiradores do gênero musical Rap ou usam o nome da inventada empresa apenas para evitarem a tal “VASP”. Porém, em nenhuma dessas três razões se encaixa perfeitamente o jovem e talentoso Romário Pereira – se realmente existisse uma empresa “Frases & Versos”, Romário seria um de seus empregados mais ilustres e mais dignos de pertencer a essa poética empresa.
Romário foi meu poetaluno, na época em que eu lecionava na Escola Municipal Nadir Veiga Castanheira, em Teresópolis/RJ, antes da tragédia das chuvas na região serrana, responsável pelo desmoronamento daquela fortaleza educacional. Romário era um daqueles alunos que conseguia a proeza de ser ao mesmo tempo brilhante e relapso. Brilhava nos poemas, mas sempre que podia fugia das demais atribulações do cotidiano escolar. Devido a seu lirismo ímpar, torna-se impossível esquecê-lo ou apenas lembrar das mil vezes que lhe cobrava as atividades completas no caderno. Em 2010, realizei com os nonos, dos quais Romário fazia parte, uma Oficina Poética sobre a influência da astronomia na poesia brasileira (foi uma forma se realizar aulas interdisciplinares com o professor de Ciências Thiago Saíde, que havia inscrito as turmas na Olimpíada de Astronomia [alguns eu já portei aqui, e, em breve, mais outros poemas dessa marcante oficina poética serão publicados no blog]). Apesar do atraso em sua atividade – tinha que chamar muito a atenção do poetaluno que vivia no mundo da lua -, Romário mais uma vez brilhou e produziu um poema fodástico, com uma simplicidade arrebatadora e um estilo próprio e natural. Fodástico, fodástico demais!
Mesmo após 4 anos de sua produção, o poema de Romário Pereira ainda mantém sua luz lírica e única – os poemas, a arte, meu amigo leitor, transcendem datas e prazos de validade, repousam no infinito da eternidade. Por isso, hoje compartilho minhas solidões poéticas com este fodástico poema de Romário Pereira, o mais autêntico de todos os trabalhadores da imaginária empresa “Frases & Versos” do facebook.
Viajemos ao mundo da lua com o eu lírico de Romário Pereira!

Com você

Lua,
Você é meu lugar favorito
Onde eu posso pensar
Sem medo.
Com você
Estou seguro.
Com tudo que mais gosto
Aí posso agir
Posso falar
Com a certeza
De que ninguém
Vai ver
Ou escutar.
Romário Pereira


terça-feira, 15 de julho de 2014

Cem Poemetos de Solidão: Poemeto LXXX

LXXX

Só aceitei o diagnóstico de demência senil pra poder declarar-me filho de uma pátria que não me pariu, sem ter que enfrentar nenhum fuzil de elogios, nem balbucios dos colombianos convictos. A invalidez declarada permite a solidez de minha insensatez inventada.


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Música triste perdida no silêncio de um tempo sereno: Nublado

O poema de hoje saiu assim meio melancólico, sem razões aparentes, simplesmente melancólico, talvez pela impressão lírica de um céu nublado, talvez porque ouvi uma música triste perdida no silêncio de um tempo sereno, não sei, saiu assim e meio assim foi postado...


Nublado

Se a nuvem tão carregada
não chora,
por que essa lágrima guardada
que tanto me incomoda?

Se não há motivo pra chorar,
por que o céu nublado hiberna minha alma?
Se não há nenhum sorriso perdido pra contar,
por que tanta tristeza em meu olhar?

Negado pela tarde fria,
o sol oculta-me respostas,
enquanto abraço a escuridão furtiva
de mais um dia claro cheio de luzes mortas...

Se o vento sopra sem espinhos,
por que meu corpo bem coberto se corta
na cinza das horas?
Se o tempo toca mil destinos,
por que o despertador ativo não me acorda
com sua precisão sonora?

Se não há motivo pra chorar,
por que minha alma chora?
Se o tempo leva tudo embora,
por que essa dor de agora?

Oculta pelas nuvens densas,
a lua nega-me respostas,
enquanto abraço as luzes serenas
de mais uma noite negra cheia de estrelas mortas...


Meu filho-poema selecionado na Copa do Mundo das Contradições: CarnaQatar

Dia de estreia da teoricamente favorita Seleção Brasileira Masculina de Futebol na Copa do Mundo 2022, no Qatar, e um Brasil, ainda fragiliz...