sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Direto do túnel do tempo: Meu poema em homenagem à escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, declamado em Guimarães/MA, em 2015

Hoje retiro uma vídeo-lembrança direto do túnel do tempo e a posto no blog, juntamente com o poema declamado, minha lírica homenagem à fodástica escritora maranhense Maria Firmina dos Reis. É um vídeo que andava meio perdido no meio do caos de arquivos de meu bagunçado notebook. Trata-se de minha participação no evento de lançamento da antologia "CENTO E NOVENTA POEMAS PARA MARIA FIRMINA DOS REIS”, no ano de aniversário de cento e noventa anos de nascimento de Maria Firmina dos Reis, em 12 de outubro de 2015, m Guimarães/MA.. Na ocasião, declamei meu poema "Recado ao moço branco que folheia minhas páginas negras", em homenagem à fodástica musa-escritora Maria Firmina dos Reis.
Em tempo: O meu livro mais recente, o meu 9.º livro-filho "O nada temperado com orégano (Receitas poéticas para um país sem poesia e com crise na receita)" traz esse poema e, neste fim de semana, realizo um sonho que não pude realizar no final do ano passado: a convite da divartistamiga Dilercy Aragão Adler, no sábado e domingo, respectivamente, dias 18/11 e 19/11, estarei, durante a tarde e a noite, no estande da Academia Ludovicense de Letras (ALL) e em outros espaços, expondo e comercializando a preços promocionais meus livros na 11.ª Edição da Feira do Livro de São Luís/MA (FeliS) que homenageia a própria escritora-musa-inspiradora do meu poema.
Será um excelentíssimo momento pra fazer aquele intercâmbio cultural que eu amo (São Luís/MA) já se tornou uma das minhas cidades afetivas - tanto que no meu livro mais recente dedico vários poemas a autores queridos maranhenses - e rever fodásticos artistamigos que conheci lá!
Abaixo seguem o poema citado, de minha autoria, e o vídeo que registra a minha interpretação para ele.
Que a poesia siga em frente, alcançando todos os cantos do Brasil!
Saudações Firminianas e Gonçalvinas! Até breve e Arte Sempre!

Recado ao moço branco que folheia minhas páginas negras
(Carlos Brunno S. Barbosa)

Olá, moço branco, jovem estranho desses novos tempos selvagens,
onde o preconceito desfila com novos disfarces, outras maquiagens,
se, mesmo ignorada, recebo a visita de teus olhos sedentos pela minha estrada lírica,
ainda existe esperança pra ti, pro novo mundo, pra toda prosa e poesia
que, mesmo abandonadas, continuo a defender muito além da vida.
Não és como os novos bárbaros que repousam minha arte na ignorância-marasmo,
és  minha chance de ressuscitar a herança que sempre me negaram:
a honra de ser rainha numa literatura que sempre me fez de escrava cativa e esquecida.
Gravaram em meu nome apenas o adjetivo-infortúnio “bastarda”,
como se este fosse meu único dom, minha única característica,
quando, na verdade, fui a filha mais agraciada
pelos encantos da língua de Gonçalves Dias.
Domei e conquistei todas as palavras da pátria colonizadora de Camões
e derrubei os vocábulos do patriarcado
para transformá-los em refúgio da Liberdade
pro meu povo outrora escravo e sem mãe.
Com meus cantos a beira mar, me fiz princesa e, mais tarde, rainha das Praias do Cuman.
Com minha escrita libertária, desfiz a mentalidade escravagista e precária
que outrora reinava em minhas terras cansadas de grilhões
e dei sonhos mais sublimes aos milhões de oprimidos do Maranhão.
Até Úrsula, a mais clara constelação,
ganhou comigo uma cor mais mulata,
orgulhosa de sua escuridão:
sou e sempre serei  a dona do primeiro romance brasileiro abolicionista;
por mais que me neguem essa ousadia,
estou nas principais estantes das  bibliotecas livres dessa injusta negação;
sim, minha escrita ainda brilha nos céus despidos de tanta ingratidão!
Bem-vindo, bom moço branco, que desliza as mãos pálidas
por minhas páginas negras,
meu nome é Maria Firmina dos Reis,
escritora da mais alta nobreza
– nasci bastarda sim, mas bastarda não permaneci!
Meu último sobrenome já informa a todos inimigos,
que fazem da intolerância um vício:
mesmo que me atribuam apenas derrotas,
ainda  sou e sempre serei a filha adotada mais gloriosa
da vila mais formosa e linda de todo Brasil.
Bem-vindo, moço branco e bonito, despido das opiniões anciãs,
meu nome é Maria Firmina dos Reis, tenho muitos fãs,
sou a eterna rainha da vila de São José de Guimarães!


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